quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Dia 54 – Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Florbela Espanca





Retirado de sitiodasaudade.blogspot.com

É neste ciclo sem fim que a vida se transforma quando não há porto de abrigo, quando ninguém rema connosco enfrentando a turbulência do mar da vida. Perdemo-nos na inconstância ou de amores de consumo rápido ou de tentativas de esquecimento ineficazes…
Tudo faz sentido quando se caminha lado a lado, acreditando e lutando dia-a-dia por uma felicidade mútua.



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